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5 Mídias Negras para se informar sobre a cultura negro-africana
Texto: Gabriel Rodrigues
A busca por narrativas positivadas da população negra-africana aponta para a resistência histórica das mobilizações coletivas na luta por emancipação e contra as violências raciais. Nesse cenário, podemos encontrar as contribuições de jornalistas negros(as) na construção de práticas comunicativas antirracistas, a exemplo da Imprensa e Mídia Negra.
Em setembro desse ano contamos com o lançamento do "Manual de Redação: o jornalismo antirracista a partir da experiência da Alma Preta", que busca visibilizar cerca de 190 anos de história da população negra no Brasil, seus impactos na cultura brasileira e no contexto internacional.
Segundo os estudiosos, em 1833, o jornal "Homem de Cor" já registrava a atuação politizada dos profissionais da comunicação na disputa pela garantia de direitos e bem-viver. Com a apropriação do cenário digital, essa realidade foi ampliada para novos modos de produzir e divulgar informação, lugar de onde emergem as mídias negras.
O Instituto Quilombo GBESA (IQG) preparou uma lista com #5 espaços para você ficar bem informado sobre o cotidiano de pessoas negras no país, e ficar ligado às pautas que nos conectam com o mundo.
O portal Blogueiras Negras tem sua origem, inicialmente, no "Blogagem Coletiva Mulher Negra”, em 2012, com objetivo de aproximar as realidades acerca do Dia da Consciência Negra e o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. Há cerca de 10 anos online, o projeto tem acompanhado o processo de transformação das mídias negras, com o próprio processo de reconfiguração do webblog para visibilização de textos produzidos por mulheres negras de todas as regiões do Brasil.
De lá pra cá, "conseguimos visibilizar temas como parto humanizado no SUS, cabelo, estética e movimentos negros, além de editoriais arrebatadores como foi o caso do Trabalho doméstico: ‘Ela é da família’ não é amor, é navalha na carne", relatam. Além disso, o blog conta com uma série de ações significativas na luta feministas, como a "Marcha de Mulheres Negras" e a elaboração da campanha contra a violência doméstica “ #GritePorElas”.
Acesse o site Blogueiras Negras para saber mais sobre a história do coletivo, além de acessar o repositório completo de textos, como "O Privilégio da Dor: vidas negras realmente importam?" e "O legado das mulheres negras precisa ser lembrado todos os dias".
2. Site Negrê
O Negrê nasce com foco na luta contra o racismo e xenofobia contra pessoas negras nordestinas. No ar desde 2020, o portal busca introduzir no cotidiano da população narrativas em uma perspectiva antirracista e anticolonial, com conteúdos multiplataforma, presente também no Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok e Twitter.
Sua notoriedade aponta para as articulações dos movimentos negros no país, tendo em vista a invisibilidade de potenciais refêrencias que estão localizadas na região Nordeste. Por meio das práticas comunicativas, o site tem ampliado as discussões acerca da cultura preta em suas diversas manifestações, como música, dança, cinema, literatura, artesanato e gastronomia.
Você pode encontrar também diversas produções que dialogam sobre os países do continente africano e outras diásporas negras no mundo. Acesse o portal Negrê e fique por dentro dos principais acontecimentos!
O Podcast Papo Preto é espaço semanal da Alma Preta Jornalismo sobre política, economia, cultura, história, sociedade e bem-estar. Os conteúdos elaborados integram a agência de jornalismo especializada na temática racial. Seu principal objetivo está fundamentada na construção de um novo formato de gestão de processos, pessoas e recursos através do jornalismo qualificado e independente.
Sua história tem impacto nas narrativas negras desde 2015, como a formação do coletivo mobilizado por "universitários e comunicadores negros, que perceberam desde jovens a necessidade de produzir pautas antirracistas no Brasil. Desde então, ganhamos notoriedade entre os veículos de comunicação e assumimos um caráter político na produção de nossos conteúdos editoriais por acreditarmos que nosso trabalho tem o dever de informar, visibilizar e potencializar a voz da população negra", afirmam.
Você pode acompanhar o trabalho da Alma Preta através do site e das redes sociais, onde você pode acessar reportagens, análises, coberturas de eventos, artigos opinativos e demais conteúdos jornalísticos em formato textual e audiovisual.
Com o objetivo de romper com as estruturas hegemônicas, pautas por práticas instituicionais racistas, a Revista Negra emerge enquanto um veículo multimídia. Seu ponto chave é "Somos nós, falando de nós, para todo mundo". Fruto das mobilizações coletivas de jornalistas e comunidadores negros, seu papel aponta para os processos de reconfiguração e continuidade da Imprensa Negra no país.
Além disso, a revista se coloca no fronte contra as práticas sensacionalistas presentes no Jornalismo, e sensível para a entrega de narrativas qualificadas. Da mesma maneira que, desde 2013, assume a responsabilidade de ser reconhecido como um jornalismo popular, diverso e humanizado.
Você já conhecia as iniciativas da Revista Afirmativa? A primeira edição impressa da revista foi durante o I Encontro de Estudantes Negros/as, da Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das Almas/BA. Entre as ações do coletivo, podemos citar seu papel crítico "que visam pautar as faculdades de comunicação da Bahia sobre a responsabilidade das instituições de ensino na invisibilização do debate racial e dos direitos humanos, nos cursos de comunicação, como o I Prêmio de Jornalismo Revista Afirmativa e o Lab Afirmativa de Jornalismo – Respeita a Favela!", apontam.
5. Canal YouTube - Pensar Africanamente
O Pensar Africanamente é uma "ferramenta de comunicação voltada para a produção e disseminação de conteúdos e informações sobre as histórias, culturas, tradições e ancestralidades africanas e afro-diaspóricas, com o objetivo de promover a soberania de negras e negros, e o enfrentamento ao racismo". Com transmissão de Lives através da plataforma do YouTube, o canal é um veiculo de grande circulação de conhecimentos e acumula, desde 2020, diversas contribuições de pensadoras e pensadores negro-africanos.
A comunidade digital tem se comprometido na ampliação de diversas temáticas, como "Pauta Negra em (RE)vista", "Estado, Políticas Públicas e População Negra", "Áfricas", "Negritude, Diáspora e Migração. Um dos debates trouxe reflexões sobre a "Criminalização dos Povos Tradicionais de Matriz Africana", que busca denunicar os atos criminosos que violam direitos básicos da Constituição Federal, a exemplo da liberdade de culto aos ancestrais negros.
Com sua presença nas principais redes sociais, o Pensar Africanamente assume um papel importante de divulgação e conscientização das urgências do povo preto no Brasil e fora dele. "Entendemos ancestralidade como o princípio orientador para analisar a realidade e projetar o futuro, base para a emancipação de negras e negros no mundo", contam.